Pular para o conteúdo principal

Tem nome de Parceria, mas é colonização

Tem nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO

Faz tempo que os portugueses
Aportaram em Pindorama
Armaram aqui uma trama
Conforme seus interesses
Não são semanas nem meses,
Nem décadas, mas séculos são
Tempos de dominação
Vestida de alegoria
Tem nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO.

Sempre os mesmos mecanismos:
Cooptação de lideranças,
Reuniões com festanças,
Sorteios, assistencialismo,
Prática do clientelismo,
Promessas de solução,
Fomento à desunião.
Prometendo melhoria
Tem nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO.

A Escola Bom Jesus
Tem história estudada
Por ser diferenciada
Sua prática lhe faz jus
Que a “ensinar” não se reduz
Mas trabalha o cidadão
Pra fugir da opressão
Das esmolas e cortesias
Com nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO.

Esse papo de apoio
Pra fazer “escola modelo”
Não passa de um apelo
Pra enganar nosso povo
E tentar tomar de novo
Nossa terra, nosso chão.
É a privatização
A troco de benfeitoria
Tem nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO.

O dono desse “projeto”
Também quer a nossa terra
E contra nós nessa guerra
Está por esse “objeto”
É o objetivo concreto
Que está em seu coração
Comprar-nos com uma “boa ação”
Por que não ajudaria?
Tem nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO.

Apesar do que passamos
No correr da nossa história
Parece que a memória
De alguns dos conterrâneos
Anda, assim, emperrando
E esquecendo a razão
Desse tipo de ação:
Que diz trazer melhoria
Que tem nome de PARCERIA
Mas é COLONIZAÇÃO.

No fim essa parceria
Intenta nos combater
Nossa luta enfraquecer;
E nosso trabalho, o que seria?
A gente subsistiria
Sem história, sem união?
Sem contextualização?
Tal fim não desejaria
Em nome de uma PARCERIA
Mas que é COLONIZAÇÃO.

Dedé (José Maria Costa Ferreira), artista/cordel/pinturas da RESEX PCV - Março, 2018

Essa glossa é uma das formas de resistência à uma das tentativas de descaracterizar nossa cultura e desintegrar o nosso território. Território esse que é uma comunidade tradicional com mais de 160 anos de relação harmoniosa com a natureza e entre os moradores.  Essa faceta está a "privatizar" a escola, lugar sagrado de debate e mergulho nas riquezas da própria cultura além de ampliar para outras, mas sem menosprezar a própria como tem feito os currículos de escolas "cartilhadas".
Segue o link do que se protesta acima:
https://beberibe.ce.gov.br/convenio.php?id=48

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O caso de Dudley e Stevens. O que você faria??

Sextant é do navio Mignonette que naufragou em 1884 no Atlântico Dois membros da equipe mataram o garoto da cabana e comeram sua carne e beberam o sangue Eles inscreveram a caixa do sextante com coordenadas para ajudar outras pessoas a encontrá-las Foi comprado por £ 37 em 1973 e agora está pronto para vender por £ 1,500 no leilão  Por  Martin Robinson para MailOnline PUBLICADO:  15:21 GMT, 22 de outubro de 2015  |  ATUALIZADO:  00:36 GMT, 23 de outubro de 2015 Um colecionador que comprou uma antiguidade náutica por £ 37 poderia fazer uma fortuna depois que surgiu, veio de um navio onde a equipe acabou comendo o garoto da cabana. O sextante era do iate Mignonette, cujo homem naufragava no Atlântico Sul em 1884 e cometeu o último caso de canibalismo na história naval britânica. O comprador do instrumento de navegação marítima, de Wiltshire, comprou-o em Adelaide em 1973 e levou-o de volta para a Grã-Bretanha. Depois de descobrir uma mensag...

Fanzinando na BJN

Os alunos não querem criar só para ser visto pelos professores,  eles querem ser admirados em seus caprichos e criatividade,  de outra forma,  a escola é só um lugar de treinamento ríspido e repetitivo onde eu faço as coisas simplesmente porque estou aprendendo com a repetição ou para ser "avaliado" por um professor. Eles querem que suas obras façam sentido,  que tenham importância não só para sua sala, mas que seja um produto consumível,  comunicativo,  vivo,  criativo,  jovem.      Estou (2017) professor de Ciências Humanas (Geografia, História, Ensino Religioso) Fundamental II na Escola Bom Jesus na Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde. Ainda curso pedagogia na UFC apesar dos já 7 anos dentro de ambientes universitários e nenhuma disciplina reprovada, são os desafios da vida. Nesse ano, ao cursar a disciplina de História da Educação (2017.2) conheci o trabalho de um grupo de fanzineir@s: a Zineteca, além dos ex...

Check List do Ecoturista que vem à RESEX Prainha do Canto Verde

1. Você procurou conhecer a história da comunidade? São 160 anos de pura emoção; 2. Viu a nossa Capela que tem o formato de um barco a vela? https://maps.app.goo.gl/73DkhZfytnVXAgYu6 3. Brincou de carritilhadeira? (sandboard artesanal)https://youtu.be/0hGn6AIRN74 4. Comeu peixada, bruaca, tapioca de forno ou grude? 5. Viu alguém brincando de Jangadinha? (miniatura de barco a vela) 6. Viu o mar em noite de lua cheia no momento em que ela está aparecendo? (Veja o dia e hora do nascer da lua https://tabuademares.com/br/ceara/beberibe/previsao/saida-por-lua) 7. Viu um pôr do sol na Duna do Pôr do Sol? (Atrás da Duna do Vidro) https://photos.app.goo.gl/9yMaXYyTAvfHNXx8A  8. Jogou bola na beira na praia com a maré baixa? 9. Tomou banho nas lanceadas ou piscinas naturais deixadas quando a maré abaixa? (Informações sobre o mar de Beberibe: https://tabuademares.com/br/ceara/beberibe) 10. Você viu os pescadores rolando o barco? (saindo ou chegando do mar) 11. Você viu o quintal fl...