Pular para o conteúdo principal

Lei 10.639 na escola Bom Jesus dos Navegantes.


Comecei a dar aula para ensino fundamental (anos finais) em 2017. Em abril falamos vários assuntos sobre a cultura e a resistência indígenas perante a sociedade brasileira, que criou uma imagem negativa e pejorativa, dizendo que eles se recusam a aderir o tal "progresso" (palavra que tem tentado substituir os termos exploração e destruição da natureza).
     Em novembro fizemos (6° e 7° anos) fanzines sobre os grandes nomes da história nordestina que eram/são negros e também da representatividade de crianças negras nos meios de comunicação (revistas,  livros, comerciais, etc).
     No início de 2018 eu comecei a participar da organização da Jornada de Povos indígenas realizada por várias universidades e instituições no estado do Ceará. Não consegui acompanhar a organização do evento e muito menos contribuir efetivamente,  mas a reunião que participei e os debates no grupo do whatsapp me possibilitaram visualizar uma ação concreta com meus alunos e assim comecei a planejar a I Mostra de Cultura Indígena Panamericana BJN.
     Foi uma experiência única,  os alunos tiveram uma participação massiva e ajudaram em cada etapa da organização,  além de executarem as atividades de pesquisa e produção que eu havia solicitado como produto da aprendizagem e debates realizados antes do evento de culminância.
     Logo após no dia seguinte ao término do evento,  já comecei a dizer para os alunos que faríamos um outro evento em novembro,  para celebrar o mês da consciência negra. E como já tínhamos um pouco mais de experiência com o primeiro evento, seria um evento mais complexo e organizado.
     Confesso que eu não coloquei no papel quais os objetivos e etapas para acontecer o evento. Vida de professor é uma correria,  ainda mais quando se é professor e aluno ao mesmo tempo (fora os trabalhos voluntários na comunidade: igreja, movimento social,  outros). Sei que se fosse fazer projetos seguindo à risca as etapas de croqui,  projeto, cronograma,  etc, não conseguiria sair do croqui. Também,  só após longo período que os projetos se findaram é que estou conseguindo escrever resumidamente para garantir registro para além das fotos e vídeos.
     Então,  em outubro começamos a debater as possibilidades de apresentação,  exposição e produtos da aprendizagem obtida nas aulas que antecederam o evento. Não foi um projeto do professor ou da escola,  mas dos alunos.  Cada dia eu lia na sala as ideias surgidas e as opções escolhidas por cada turma e motivava que outros grupos de cada turma pudessem assumir alguma das ideias postas ou sugerirem a que gostariam de apresentar dentro daquele tema. E assim foram surgindo as várias facetas do evento sobre africanidade. O esquema do evento ficou assim:

I MOSTRA AFRICANIDADE BJN

Programação

Apresentação do evento 5 mim
■Griôzinho 5 mim
■Convidados para uma fala na mesa de cerimônia inicial 15 min (Inez 10' e irmã M° José 5')
■Capoeira 10 mim
■Teatro 18 mim
■ Musical casamento 10 min
■ Tempo de visitação dos espaços 20 min;
■Cerimônia de encerramento 10 mim.

Espaços de visitação

■ Óculos 3D com lugares da África
■ Vídeos:
        ◆ Lendas da África 8°
        ◆ 6° ano - pré história
        ◆ Casa de Farinha 9°
        ◆ Capoeira  9°
       
■ Musical casamento
■ Peça teatral; 7°
■ Quiz; 8°
■ Brincadeira de roda 8°

♣ 02 TV's 8 mt2 (4/TV)
♣ Quiz c/ Data Show 30 mt2
♣ Óculos 3D - projetar em data show.
♣ Peça Teatral: MUSEU ÁFRICA
♣ Musical casamento. 




https://youtube.com/playlist?list=PLliLCuOAaTHJNvGt8x0SKBmUyX8WQY2-U (PLAYLIST DE TRABALHOS NA BOM JESUS, SENDO TODOS DO PROFESSOR ANDRÉ PAZ)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O caso de Dudley e Stevens. O que você faria??

Sextant é do navio Mignonette que naufragou em 1884 no Atlântico Dois membros da equipe mataram o garoto da cabana e comeram sua carne e beberam o sangue Eles inscreveram a caixa do sextante com coordenadas para ajudar outras pessoas a encontrá-las Foi comprado por £ 37 em 1973 e agora está pronto para vender por £ 1,500 no leilão  Por  Martin Robinson para MailOnline PUBLICADO:  15:21 GMT, 22 de outubro de 2015  |  ATUALIZADO:  00:36 GMT, 23 de outubro de 2015 Um colecionador que comprou uma antiguidade náutica por £ 37 poderia fazer uma fortuna depois que surgiu, veio de um navio onde a equipe acabou comendo o garoto da cabana. O sextante era do iate Mignonette, cujo homem naufragava no Atlântico Sul em 1884 e cometeu o último caso de canibalismo na história naval britânica. O comprador do instrumento de navegação marítima, de Wiltshire, comprou-o em Adelaide em 1973 e levou-o de volta para a Grã-Bretanha. Depois de descobrir uma mensagem manuscrita em seu caso rev

Fanzinando na BJN

Os alunos não querem criar só para ser visto pelos professores,  eles querem ser admirados em seus caprichos e criatividade,  de outra forma,  a escola é só um lugar de treinamento ríspido e repetitivo onde eu faço as coisas simplesmente porque estou aprendendo com a repetição ou para ser "avaliado" por um professor. Eles querem que suas obras façam sentido,  que tenham importância não só para sua sala, mas que seja um produto consumível,  comunicativo,  vivo,  criativo,  jovem.      Estou (2017) professor de Ciências Humanas (Geografia, História, Ensino Religioso) Fundamental II na Escola Bom Jesus na Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde. Ainda curso pedagogia na UFC apesar dos já 7 anos dentro de ambientes universitários e nenhuma disciplina reprovada, são os desafios da vida. Nesse ano, ao cursar a disciplina de História da Educação (2017.2) conheci o trabalho de um grupo de fanzineir@s: a Zineteca, além dos exemplares disponibilizados como ferramenta di