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Jovem na eleição

Ganhei um presente nessa semana. Era um pequeno livreto com uma história sobre política em um país polarizado. Todos estavam prontos para atacar qualquer um que pensasse diferente. Na história, havia um jovem desejoso de escolher a melhor opção, mas temia que pudesse ser enganado por tantos fanáticos que não estavam preocupados com o país e sim com suas próprias convicções e verdades. Então o jovem foi a um velho professor e disse sobre seu temor. Disse que mesmo que confiasse no próprio professor, caso ele indicasse um partido, nem a indicação do professor ele confiaria. O velho professor sorriu e confirmou que o jovem não estava errado em temer errar. Só não podia, em nome do medo, desistir de tentar até aprender. O professor disse ao jovem que naquele dia haveria uma reunião de cada um dos partidos em que o jovem se desconfiara. Eram salões ao lado um do outro. Um tinha uma placa: Partido que defende os princípios de Jesus e no outro salão a placa: defende princípios dos direitos humanos.
O jovem logo imaginou,  vou no que defende os princípios de Jesus. Chegando lá, o cabo eleitoral discursando diz: bandido bom é bandido morto, tem que meter bala nos petralhas, a ditadura errou em só torturar e não matar, filhos bem educados não se relacionam com gente negra, e... antes de ouvir outro dos "princípios de Jesus" o jovem saiu do salão e foi para o outro lugar. Lá ele não ouviu muito o nome de Jesus, mas ouviu falar que todos têm direitos iguais, que a educação não é uma mercadoria e por isso deve ser pública e única para todos, diziam que a terra é um bem da humanidade e um direito a qualquer um que nela queira trabalhar caso ela esteja improdutiva, ele ouviu dizer que saúde é um bem essencial para os cidadãos, e... antes de ouvir mais coisas foi correndo falar com o velho professor. "Professor, o senhor disse que eu tiraria minha própria conclusão, porém fiquei foi mais confuso. Pois tudo o que ouvi no partido que defendia os "princípios" de Deus não tinha nada do que aprendi desde pequeno. E naquele partido que defende os bandidos como aprendi a vida toda, estão muito mais coerentes com o que Jesus pregou do que aqueles que se auto intitulam do bem. Que bagunça é essa professor?" Caro jovem, desde os sofistas na Grécia antiga, os falaciosos descobriram que não é o conteúdo que conquista as pessoas, mas o rótulo, aquilo que aparenta ser, pois para a maioria das pessoas é perca de tempo analisar duas coisas opostas. Aquilo que ouvem de primeira mão já vira uma verdade indiscutível. Alguns são capazes de dar a própria  vida ou tirar a vida de alguém que discorde. Jesus também alertou sobre isso dizendo sobre os falsos profetas. Mas o ser humano continua acreditando nas embalagens, sem se preocupar com o conteúdo. Ou seja, basta um falar que é de Deus que todo o resto torna-se um inimigo mortal. Bem, se você é de Jesus ou é um bom cidadão, eu espero que não compreenda como duas coisas opostas. Elas são as mesmas coisas, mas somente se, você realmente conhecer Jesus. Se não, qualquer Herodes, qualquer Barrabás, qualquer Fariseu poderá se apresentar como o dono da verdade, ainda que essa possa ser das mais injustas e cruéis que se já tenha visto".
O jovem então foi para sua casa refletindo.
Após alguns dias ele retornou para dizer ao velho professor sobre sua conclusão:
"Professor, eu refleti muito. Eu percebi que não encontrarei um candidato 100% do que eu penso ser o melhor, mas sei que nas limitações ou fragilidades de alguns, podem ser facilmente superadas pela pressão social ou mesmo pelos colegas de trabalho do político que escolherei. E outros políticos apesar de terem discursos que me parecem fidedignos, o que eles defendem não tem volta, não tem como pressionar através da comunidade organizada. Tem coisas que só após as piores atrocidades é que o povo sem aguentar mais, acaba dando a vida para que os que sobreviverem possam serem livres e felizes. Penso que alguns preços são caros demais para que a sociedade seja totalmente do jeito que eu penso ser a sociedade perfeita. Então escolherei aquele que valoriza a vontade da maioria, pois fazendo parte dessa maioria, é mais fácil pressionar para tomada de decisões do que pressionar para simplesmente poder falar o que pensamos."
E assim, o jovem conseguiu resolver aquele dilema angustiante sem se sentir enganado ou manipulado por aqueles grupos opostos. Sua conclusão foi a de apostar na melhoria de vida da população em vez de apostar na imposição de uma ordem que na verdade trará muito mais caos, pois toda violência não termina em si, mas se prolonga, se camufla e se torna cíclica até que alguém quebre esse ciclo com um ato de inteligência, um ato de amor e solidariedade para com aqueles que poderiam ter sido pessoas ruins, mas uma simples politica de cultura e educação mudou a vida não só de uma família, mas de milhões.

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