Hoje na aula de ensino religioso pergutei aos meus alunos do 9° ano, qual era os seus sonhos. A maioria respondeu uma profissão. Lembrei-me do mestre Babi Fonteles que dissera que não é verdade quando dizemos que uma profissão é nosso sonho. Ela é uma necessidade e, talvez dentro dela, da profissão, possa existir algo que personifique sua essência, seu sonho. Eu transmiti tal mensagem. Meus alunos não responderam outra coisa. Pelo contrário, me devolveram a pergunta. Pensei, repensei, tentei resgatar o que alimenta meus sonhos. Sei que não é a simples profissão. Já quis ser advogado, agrônomo e coach, pensei em ser do recursos humanos e já quis ser até padre. Disse que eu sonhei a coisa errada, brincando. Disse que meu maior sonho era entrar na faculdade federal. E meu erro era que sonhei só entrar. Talvez por isso que, mesmo sendo um bom aluno, eu esteja há 8 anos pulando de galho em galho e não consigo me formar. Acabamos mudando de assunto. Mas ao chegar em casa, me perguntei: como posso dizer a eles que jamais desistam de seus sonhos se eu pareço ter deixado o meu pelo caminho. Analisei, lembrei-me dessas profissões citadas e o que nelas poderia ser um atrativo em comum para eu sonhar com todas em tempos diferentes. Cheguei à conclusão que meu sonho é ser ponte, ser uma possibilidade de diálogo das pessoas consigo mesmas. Poder oferecer perguntas, vírgulas, reticências... em vez de pontos finais. Oferecer sorriso, olhar, um aperto de mão ou mesmo um abraço amigo, oferecer fé e esperança, oferecer um pouco de vida sensível e intensa aos que se perderam nas exigências dessa sociedade, à mecanização do sagrado que permeia as coisas mais simples como o convívio familiar, as brincadeiras e bate papo entre amigos. Meu sonho é e sempre foi seguir os passos de Jesus, o carpinteiro alegre e sábio de Nazaré. Hoje sou casado, sou catequista e professor. Vejo nessas três vivências a essência do meu ser, dos meus sonhos e do meu viver. Mas e agora? Devo parar aqui? Não sonhar mais? Sei que não. Sei que posso ir além. Posso dar passos maiores, mesmo que seja sem sair do lugar. Não vou parar, pois uma ponte que não tem manutenção, logo quebra ou é levada pela correnteza do rio que a pressiona.
Autor: Professor André Paz -Ciências humanas
Comentários